Eu não sou mulher de despedidas.

Peço imensa desculpa, mas só de pensar que vou sair desta maravilhosa equipa, dói, dói muito e ter um momento convosco de despedida, não facilitará o processo. Por isso e espero sinceramente que compreendam a minha atitude. Desculpa!!!! Trabalhei no RSI e vesti a camisola pelos beneficiários, pelo NLI, pelo CAAPS da Maia, pela Santa Casa e pelo concelho, durante quatro anos e meio e não me arrependo de nada. Até pelo contrário, é uma grande honra para mim poder pertencer a esta equipa. Equipa esta que me formou para a vida. Foi um longo percurso… de conquistas, partilhas, alegrias, muita animação e sobretudo muita dedicação, esforço e empenho no trabalho realizado. Não foi fácil, foi árduo, mas cada vitória foi saboreada até à exaustão. Considero que o nosso trabalho não é reconhecido pela maioria da comunidade, no entanto, saliento que tem vindo a mudar, a progredir, através da nossa voz, no dia-a-dia. E não é por sair do RSI que vou deixá-lo de defender, ai não vai não. Será cada vez mais com mais garra!!! Quero agradecer à Isabel pelo modelo profissional que é, por ter acreditado em mim e me ter aceite para trabalhar nesta equipa. A sua persistência fez com que crescesse dia para dia e me tornasse a profissional que sou e a pessoa que me tornei. Muito obrigada pelos seus ensinamentos, foi um enorme prazer trabalhar ao seu lado. Nesta equipa fiz amigas, amigas para a vida. Pessoas verdadeiras, bem dispostas, sempre prontas a ajudar e a dizer uma palavra amiga e de ânimo. Convosco por perto a vida e o trabalho é mais fácil. Beijos a todas. Permitam-me que dê uma atenção especial, à minha rica equipa da Maia. Se tenho orgulho em pertencer ao NLI da Ribeira Grande, tenho orgulho ainda maior de pertencer à equipa da Maia, Andreia, Dora, Mónica, Natacha, Soledade e Susan (ordem alfabética). Fizemos todas juntas um trabalho fantástico. Aprendi imenso com todas vós e também divertimo-nos muito. E os nossos almoços??? Era folia diária, e quem nos animava, quem era?? O nosso querido e amigo João, é claro. Parto de lágrima no olho e de coração apertado, levo-os a todos no meu coração!!!! Vou com a certeza que seria mais fácil ficar, mas a vida é feita de desafios e cá me lanço num novo desafio com a confiança de que “o trabalho é aquilo que nós quisermos!” (Isabel Pascoal, 2009). Beijos e o meu muito obrigada!!!! Marlene Costa

Até um dia Marlene!

Despeço-me aqui, da mesma forma que o fiz na tua presença... Com muito carinho, amizade e admiração... Que a tua caminhada vá na direcção dos teus sonhos e que não deixes nunca esse sorriso! Obrigada por tudo, em meu nome em especial, mas também em nome de muitas das colegas e amigas deste NLI.

Até um dia Marlene....

Andreia Rosa

Ao transcrever as entrevistas que realizei para o mestrado, ouço o seguinte:

Eu: Quais foram os melhores momentos que viveu desde que recebe o RSI?

Ela: Com esse dinheirinho já termino melhor a minha vida, através da alimentação, águas, luzes, lá está, mobilei a minha casa toda com esse dinheiro. O ordenado do meu marido é só para a alimentação.

Ele (o filho de seis anos todo feliz a informar-me): Eu vou ter uma playstation!!!

….

Ainda com a mesma entrevistada:

Eu: O que mudou em si como pessoa desde que recebe o RSI?

Ela: Eu estou muito mudada, estou mudada nos comportamentos com as outras pessoas, no saber ouvir, respeitar, estou muito mais calma, muito mais calma.

Ele (o filho novamente de seis anos a completar o discurso da mãe): A mamã já contou o que se passou ontem? Pancadaria… a mamã com a "Carolina".

…

M

Conversas...

Ele: O governo devia era: pegar nos drogados e fechá-los numa casa e dar-lhes trabalho, isto é que era. Eu (só em pensamento): O governo, o todo poderoso!

Marlene Costa